Em breve, os microempreendedores individuais (MEIs) de todo o Brasil contarão com o apoio da plataforma Acelera MEI, que desde março está em operação no Rio Grandi do Sul. A ferramenta foi criada para auxiliá-los no gerenciamento das atividades e para conectá-los com os consumidores. “Com ela, os MEIs poderão crescer de forma organizada e estruturada”, afirma o idealizador do serviço, Juliano Londero.
Segundo ele, o lançamento nacional deve ocorrer em agosto. “Temos reunião agendada com o ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, em Brasília, para apresentar o projeto. Em seguida, faremos o lançamento”, diz.
Dono de outro negócio na área de automação empresarial, Londero e seu sócio resolveram criar a spin off – empresa que nasce a partir de outra, com o objetivo de explorar um novo produto ou serviço, com foco nos MEIs. “Esse mercado está em plena expansão. Hoje, no Brasil, temos mais de 5 milhões de microempreendedores, responsáveis por 27% do PIB nacional”, diz.
Ele afirma que a startup participou do edital Inova RS, lançado pelo Sebrae no ano passado, e foi selecionada. “Recebemos R$ 109 mil para desenvolvermos o projeto e colocá-lo em operação”, conta.
O gestor de projetos na área de inovação do Sebrae-RS, Gustavo Moreira, diz que o programa é uma iniciativa do Sebrae Nacional e tem por objetivo fomentar os pequenos negócios. “Nesta edição, tivemos 90 inscritos e selecionamos 42 empresas, entre as quais distribuímos R$ 4 milhões em recursos não reembolsáveis.”
Londero explica que o consumidor que necessita de um prestador de serviço ou produto, lança a demanda na plataforma, que indica os empreendedores que estão mais próximos a ele para executar a demanda.
“Caso não encontre o profissional adequado, a ferramenta direciona a solicitação para nós, e procuramos no mercado os MEIs para aquele serviço. Temos parceria com empresas de classificados que divulgam a demanda, convocando os MEIs a se cadastrarem na plataforma.”
Ele ressalta que a plataforma também fornece sistema de gestão para que o MEI emita nota fiscal eletrônica e faça o controle financeiro de caixa, deixando o fechamento financeiro pronto para o final do ano.
Até o momento, a ferramenta tem 2 mil profissionais cadastrados. “Começamos o projeto piloto aqui no Rio Grande do Sul. Estamos ajustando as variáveis e nos preparando para expandir para o restante do País.” Segundo ele, para o MEI receber as solicitações de serviços não precisam pagar nada. Mas para gerar as notas fiscais de serviços o custo anual é de R$ 99.
Em Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul, o consultor de informática, Jefferson Cunha, é um dos usuários da plataforma. Segundo ele, o desejo de usar a ferramenta foi um incentivo para se formalizar. “Fiz o cadastro em março e até o momento tive aumento de 30% nas solicitações de serviço”, diz.
Cunha também foi um dos primeiros usuários do Acelera MEI a usufruir da parceria que a plataforma firmou com a Payleven – empresa de tecnologia que oferece meios de pagamentos para micro e pequenos empreendedores. “Hoje, pouco se usa dinheiro físico. Antes, meu pagamento era feito por meio de transferência bancaria. Agora, com a máquina da Payleven, os clientes pagam com cartão de crédito ou débito. Com essa facilidade, eles podem solicitar serviços maiores e parcelar o pagamento no cartão”, conta.
A diretora geral da Payleven Brasil, Adriana Barbosa, conta que o negócio foi criado em 2012. “Identificamos que havia oportunidade de criar uma solução de aceitação de cartão que fosse acessível e desburocratizada, voltada para microempreendedores e profissionais liberais. A parceria com a Acelera MEI está nos ajudando a atingir o objetivo de democratizar a aceitação de cartões no Brasil.”
Em 2014 a Payleven fez uma pesquisa e identificou que o principal motivo que fez com que os estabelecimentos passassem a aceitar cartão é porque 41% deles perdiam venda. “O consumidor não anda mais com dinheiro, apenas com cartão, sem essa opção de pagamento, eles perdiam vendas.”
Adriana diz que outro motivo está relacionado ao parcelamento do pagamento, muito difundido no País. “Esse sistema incentiva o consumidor a gastar mais, o que faz aumentar a receita do lojista. Estabelecimentos que passaram a aceitar cartão com a Payleven, depois de um ano tiveram aumento de 175% no faturamento. Um resultado bastante relevante para o mercado”, afirma.
A empresária conta que trabalha para tornar a experiência cada vez mais acessível ao usuário. “Agora, por exemplo, o usuário não tem mais custo fixo com a ferramenta. Ele pode comprar o leitor em nosso site e pagar em 12 parcelas fixas de R$ 23,90. O produto é entregue no endereço indicado em seu cadastro. Depois de pagar o leitor, só terá algum custo quando fizer venda.”
Segundo ela, pagamento feito com cartão de crédito à vista, tem taxa de 3,39% e o empreendedor recebe o dinheiro em 30 dias. Para receber o valor da venda em dois dias a taxa é de 4,39%. Sendo que há acréscimo de 1,99% para cada parcela adicional no cartão de crédito. Os pagamentos feitos com cartão de débito tem taxa de 2,69% e o recebimento do valor da venda ocorre em dois dias úteis.
Adriana conta que no final de 2014, a Payleven tinha 60 mil clientes usando a solução, distribuídos em 1,6 mil cidades. “Em abril deste ano, já estávamos em duas mil cidades e com 100 mil clientes.”
Segundo ela, a parceria com a Payleven é perfeita porque ambos atuam no mesmo nicho. “Enquanto a atuação deles visa proporcionar uma visibilidade maior aos MEIs e aproximá-los do consumidor por meio da plataforma, a nossa atuação visa facilitar o crescimento dos MEIs, por meio do aumento de receita decorrente das facilidades oferecidas aos clientes nas formas de pagamento.”
Fonte: Estadão.com.br